Bares e restaurantes impulsionam geração de empregos mesmo em cenário de desaceleração no PIB e juros elevados

A taxa de desemprego no Brasil caiu para 5,6% no trimestre encerrado em julho, o menor índice desde 2012, segundo o IBGE. Entre os setores que mais contribuíram para esse resultado estão serviços, agricultura e comércio. Dentro dos serviços, o segmento de alimentação fora do lar vem se destacando como motor do mercado de trabalho, encerrando o período com 5,38 milhões de vagas preenchidas, além do maior salário médio de sua história, com remuneração de R$ 2.257.

O desempenho ocorre em um cenário de desaceleração no PIB. No segundo trimestre, a economia brasileira cresceu apenas 0,4% em relação aos três meses anteriores, resultado mais fraco que o observado no início do ano. Esse arrefecimento é reflexo direto dos juros elevados, mantidos pelo Banco Central em 15% ao ano, maior patamar em quase duas décadas.

A alta dos juros tem como objetivo conter a inflação, reduzindo consumo e investimentos, o que acaba desacelerando a atividade econômica. Apesar disso, os bares e restaurantes têm registrado crescimento na geração de empregos, um reflexo da resiliência do setor, que combina a consolidação do hábito de se alimentar fora de casa com estratégias de adaptação, como a expansão do trabalho intermitente.

Trabalho intermitente impulsiona adaptação        

Regulamentada em 2017, a modalidade intermitente vem permitindo que os negócios ajustem suas equipes conforme a sazonalidade da demanda. Dessa forma, os estabelecimentos evitam gastos com mão de obra ociosa, mantêm pessoal suficiente nos períodos de maior fluxo e asseguram a formalização dos empregados. Segundo levantamento da Abrasel, o número de contratos intermitentes no setor saltou de 315 em 2017 para 15.834 em 2023, uma das maiores taxas de crescimento entre todos os segmentos da economia.

Essa flexibilidade tem sido determinante para sustentar a geração de empregos mesmo sob pressões macroeconômicas. “O setor de alimentação fora do lar é um dos que mais oferecem oportunidades de primeiro emprego no Brasil. Além disso, temos hoje salários no maior patamar da história e modelos de contratação que dão mais segurança a trabalhadores e empresas. O avanço do trabalho intermitente é prova de que o setor consegue se reinventar e continuar crescendo, mesmo em um ambiente de juros elevados, como o que estamos vivendo agora”, afirma Paulo Solmucci, presidente da Abrasel.

Pesquisa da Rede Líderes/Opice Blum mostra que equipe enxuta e orçamentos limitados retardam a maturidade em privacidade de dados no Brasil

Os investimentos na área seguem abaixo dos padrões internacionais e DPOs enfrentam falta de equipe e orçamento, apesar de alta remuneração e maior relevância nas empresas

A figura do Encarregado pelo Tratamento de Dados Pessoais, conhecida como Data Protection Officer (DPO) e prevista pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), vem ganhando força nas empresas brasileiras, mas ainda enfrenta barreiras estruturais e culturais. É o que mostra a pesquisa inédita Perfil do DPO no Brasil 2025, conduzida pela Rede Líderes e Opice Blum Advogados, que ouviu mais de 200 profissionais entre julho e agosto deste ano.

O levantamento mostra que apenas 27% dos encarregados atuam de forma exclusiva na função. A maioria acumula responsabilidades, principalmente nas áreas Jurídica (48%) ou de Compliance, o que reflete uma sobrecarga no exercício do cargo. Apesar disso, 69% recebem remuneração acima de R$ 10 mil mensais, percentual que sobe para 76% no setor de tecnologia, indicando uma valorização financeira crescente.


“O Brasil sempre foi sub-representado em pesquisas internacionais sobre governança de dados. Sentíamos falta de um benchmark local que refletisse a realidade do mercado brasileiro”, diz Vitor Magnani, Presidente da Rede Líderes.

O estudo também evidencia um descompasso entre a importância estratégica da função e os recursos destinados a ela. Mais de 70% das empresas com mais de mil funcionários investem menos de R$ 600 mil por ano em privacidade, enquanto companhias globais chegam a destinar entre US$ 1 milhão e US$ 7 milhões para a área. Outro ponto de atenção é o tamanho das equipes: 22% dos DPOs atuam sozinhos, enquanto 69% contam com times de no máximo cinco pessoas, número distante da média internacional, que varia entre 26 e 31 profissionais dedicados exclusivamente à privacidade.

“A figura do DPO conquistou um espaço estratégico nas empresas, mas ainda precisa de mais autonomia e recursos para que o Brasil se aproxime dos padrões internacionais”, afirma Henrique Fabretti, CEO do Opice Blum Advogados.

Entre os principais desafios relatados pelos entrevistados estão a falta de equipe (17%), a escassez de orçamento dedicado (16%) e o acúmulo de funções (15%). A pesquisa também aponta que 14% dos DPOs lidam com uma cultura organizacional pouco sensível ao tema da privacidade, o que dificulta a consolidação de práticas consistentes de proteção de dados.

“O setor de cibersegurança no Brasil ainda é altamente dependente de soluções importadas, caríssimas. Há uma enorme oportunidade para desenvolvermos tecnologia própria”, pondera Vitor.

O estudo também traça, ainda, um retrato por setor. O financeiro e o de tecnologia lideram em remuneração, com 79% e 76% dos DPOs recebendo acima de R$ 10 mil, respectivamente. Já a saúde apresenta um cenário mais restritivo, onde, apenas 48% ultrapassam esse patamar salarial e somente 8% das empresas do setor destinam orçamentos superiores a R$ 360 mil por ano para privacidade.

Mesmo diante de limitações orçamentárias e estruturais, o DPO brasileiro já é figura central na gestão de dados. De acordo com a pesquisa, 80% são acionados desde a identificação inicial de incidentes de segurança. Além disso, quando questionados sobre quais atividades são mais frequentes ou demandam mais tempo no dia a dia dos profissionais, foram apontados mapeamento de operações de tratamento (31%), consultorias internas (17%) e projetos com privacy by design (15%) respectivamente.

Os resultados reforçam a evolução rápida da função no Brasil, mas também revelam o caminho ainda a ser percorrido. “Existe um descompasso entre a percepção e a realidade. Muitas empresas acreditam estar maduras em privacidade e cibersegurança, mas ainda não cumprem requisitos básicos da legislação. Na prática, o investimento só costuma crescer após incidentes graves, uma dura realidade do setor, em que a prioridade vem apenas depois do problema”, finaliza Fabretti.


Metodologia da pesquisa

A pesquisa “Perfil do DPO no Brasil 2025” foi conduzida entre julho e agosto de 2025, com 203 profissionais de organizações nacionais de diferentes portes e setores (Saúde, Tecnologia, Financeiro, Varejo, Energia, Público, Educação e outros), por meio de um questionário estruturado de 23 perguntas, para mapear o perfil, os desafios e as práticas adotadas pelos Encarregados pelo Tratamento de Dados Pessoais no contexto da LGPD.

Sobre o Opice Blum

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