Inclusão financeira acelera no Brasil com 175 milhões de usuários no Pix e mais de R$ 15,8 trilhões movimentados 

Expansão dos pagamentos digitais transforma a relação do brasileiro com o sistema financeiro e fomenta o desenvolvimento regional.

O Brasil vive um processo acelerado de inclusão financeira, marcado pela popularização de meios digitais e pelo aumento do acesso ao crédito em diferentes camadas da população. Essa transformação tem reduzido barreiras históricas, aproximado milhões de brasileiros do sistema bancário e ampliado o potencial de consumo e investimento em economias locais.

De acordo com o Banco Central, o número de empresas autorizadas a atuar no setor passou de apenas uma em 2016 para 128 no primeiro trimestre de 2024 — um crescimento de 12.700% em oito anos. Esse movimento acompanha a demanda crescente por soluções acessíveis e digitais, que têm permitido que serviços financeiros cheguem também a regiões fora dos grandes centros urbanos.

O impacto desse avanço é visível no volume de transações. No primeiro semestre de 2025, o mercado de cartões no Brasil movimentou R$ 2,2 trilhões, com crescimento de 9,9% em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). O cartão de crédito foi a modalidade que mais impulsionou esse volume, responsável por R$ 1,5 trilhão do total, enquanto o débito e o pré-pago completaram os R$ 2,2 trilhões.

Já o Pix consolidou-se como o principal meio de pagamento do país. No primeiro semestre de 2025, o sistema movimentou R$ 15,8 trilhões, um crescimento de 35,2% em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados do Banco Central. Em maio de 2025, a plataforma já contabilizava 175,47 milhões de usuários — sendo 159,92 milhões de pessoas físicas e 15,56 milhões de pessoas jurídicas — número que equivale a quase 7 em cada 10 brasileiros.

O relatório Global Findex 2025, do Banco Mundial, mostra que 79% dos adultos no mundo já possuem conta bancária ou de dinheiro móvel, e em economias em desenvolvimento esse avanço é impulsionado pelo celular, presente em 84% da população adulta. Em muitos casos, a primeira conta é aberta para receber pagamentos digitais, como salários ou benefícios governamentais — um passo fundamental para inclusão econômica.

Desafios e próximos passos

Apesar dos avanços, especialistas destacam que a inclusão financeira não se resume ao acesso a contas ou meios de pagamento. É necessário que as pessoas desenvolvam autonomia para gerir recursos e utilizem o crédito de forma responsável.

“A inclusão financeira representa muito mais do que acesso a uma conta ou a um meio de pagamento. Quando ampliamos o alcance dos serviços bancários e digitais, estamos permitindo que famílias planejem melhor seus gastos, que pequenos empreendedores invistam em seus negócios e que comunidades historicamente excluídas tenham novas oportunidades de crescimento. Mas para que esse processo seja realmente transformador, é fundamental avançar também no letramento financeiro, garantindo que o uso consciente do crédito e do dinheiro se traduza em desenvolvimento sustentável, geração de renda e melhoria real da qualidade de vida”, afirma Kelvia Carneiro, presidente da Instituição de pagamentos Cactvs.

A IA nunca vai conseguir substituir a “destreza humana”, diz especialista

Vivian Ritter, referência nacional em neurociência, comportamento e desempenho, explica como a inteligência emocional é essencial, mesmo com a IA ao alcance dos dedos


Em um mundo cada vez mais pautado pela tecnologia, a Inteligência Artificial (IA) tem se mostrado uma aliada poderosa no dia a dia profissional. Seja para preparar uma apresentação, organizar ideias ou até mesmo simular diálogos de trabalho, ela abre caminhos de eficiência e apoio. Mas, quando chega a hora de uma conversa cara a cara, especialmente as difíceis, nenhuma ferramenta tecnológica substitui a destreza humana.

Quem chama atenção para esse ponto é a especialista em Neurociência, Comportamento e Desempenho, Vivian Ritter. Segundo ela, a tecnologia pode até ajudar na preparação, mas é na mesa de reunião, frente a frente com o interlocutor, que entram em cena habilidades indispensáveis, como escuta ativa, clareza de argumentação, inteligência emocional e domínio de técnicas de comunicação.

“Por mais que tenhamos inúmeros recursos tecnológicos, na hora do encontro real não temos como pedir socorro a um aplicativo. É preciso saber administrar nossos argumentos, regular nossas emoções e escolher estratégias que façam da conversa um espaço positivo para todos os envolvidos”, explica. A especialista complementa destacando que a preparação para conversas difíceis exige um equilíbrio entre autocontrole, empatia e clareza. “Técnicas como escuta reflexiva (ouvir de fato o outro, validar sentimentos e fazer perguntas abertas) são decisivas para reduzir tensões e ampliar a compreensão mútua”, destaca.

Vivian reforça ainda que a IA pode ser uma grande parceira para ensaiar situações delicadas, antecipando cenários e ajudando na escolha das melhores palavras. No entanto, ela alerta que “a inteligência artificial apoia, mas não conduz. A destreza humana é que define o rumo e o resultado de qualquer diálogo”. “No ambiente corporativo, essa capacidade se torna um diferencial competitivo. Profissionais que dominam a arte da comunicação conseguem não apenas resolver conflitos, mas também construir confiança, engajar equipes e fortalecer relacionamentos, algo que tecnologia alguma pode replicar integralmente”, ressalta Vivian.

Para a especialista, a mensagem é clara: “preparar-se para diálogos complexos é investir em si mesmo. A comunicação é o ponto essencial das relações humanas. Liderança, gestão e até a vida pessoal só acontecem por meio dela e, muitas vezes, sem nenhum dispositivo eletrônico disponível para consultas durante a conversa. É justamente essa habilidade que sustenta os melhores resultados, tanto no ambiente corporativo quanto no pessoal”, finaliza.