Ministério da Saúde anuncia chegada de mais médicos especialistas e R$ 130 milhões para novas unidades de saúde no Ceará

As iniciativas fazem parte do programa do governo federal, que, em apoio aos estados e municípios, busca ampliar a capacidade de atendimento do SUS em todo o Brasil

Os pacientes do Sistema Único de Saúde do Ceará vão contar com 50 novas unidades de atendimento para ampliar a oferta de serviços de saúde no estado. Para isso, o Ministério da Saúde anunciou, nesta sexta-feira (26), a liberação de cerca de R$ 130 milhões para a construção das obras em 44 municípios cearenses. A medida se soma à chegada de 43 novos médicos especialistas que começaram a atuar em 19 cidades no estado. Ambas as iniciativas integram as ações do Programa Agora Tem Especialistas.

Com recursos do Novo PAC Seleções 2025, a rede pública de saúde no Ceará contará com mais oito Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e duas Policlínicas. Já as 40 novas Unidades Básicas de Saúde (UBS) vão fortalecer a Atenção Primária, que ao ser qualificada, contribuirá para reduzir a sobrecarga na Atenção Especializada do estado.

Em todo o Brasil, estão previstas a construção de 899 novas unidades de atendimento, com um investimento total de R$ 2,5 bilhões, beneficiando 26 estados. Além disso, 322 médicos especialistas já começaram a atuar em 156 municípios, distribuídos pelas cinco regiões do país, reforçando a oferta de serviços de saúde e ampliando o acesso da população ao Sistema Único de Saúde.  

A liberação dos recursos federais possibilita a estruturação da rede pública de saúde nos estados e municípios, ampliando a capacidade de atendimento em todo o Brasil. “Esse é um esforço importante do Agora Tem Especialistas para reduzir o tempo de espera por consultas, exames e cirurgias. A expansão imediata da oferta de serviços, com a mobilização de toda a estrutura pública e privada de saúde do país, vem acompanhada de mais investimento em infraestrutura pelo Novo PAC Saúde. Uma frente estruturante que vai garantir mais serviços de saúde para a nossa população”, afirmou o ministro da Saúde Alexandre Padilha.

Mais atendimentos especializados

Durante o evento de acolhimento dos novos médicos, realizado no Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (UFC), nesta sexta-feira (26), o secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba, destacou a importância da iniciativa.

“O programa tem um foco muito claro: reduzir o tempo de espera, um dos gargalos do SUS. Com esta ação de hoje, ao acolher cada um de vocês, profissionais médicos, queremos garantir a interiorização e a regionalização dos atendimentos especializados. Hoje, 322 profissionais estão sendo acolhidos em 156 municípios do Brasil. Recebam o nosso abraço; vamos fortalecer cada vez mais o nosso sistema de saúde”, observou o secretário.

Além do Ceará, os profissionais chegaram para reforçar a rede pública de saúde em Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Tocantins, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás e no Distrito Federal.

Autoridades do Ministério da Saúde estiveram presentes em diferentes estados para participar de agendas simultâneas de acolhimento e integração dos profissionais.

Maior número de profissionais vai para o Nordeste

Nesta primeira etapa do provimento, o Nordeste – que, historicamente, tem a maior carência de médicos especialistas – recebe o maior número de profissionais: são 188 médicos, que correspondem a 58% do total. Em seguida, estão as regiões Sudeste com 70 profissionais, Norte (40), Centro-oeste (17), e Sul (7). Do total de especialistas, 72% atuarão em áreas classificadas como de alta ou muito alta vulnerabilidade, sendo 22% alocados em municípios da Amazônia Legal.

Para a distribuição das vagas, foram priorizadas as regiões com número de especialistas abaixo da média nacional e as que a população precisa se deslocar mais para conseguir atendimento. Também foi considerada a capacidade instalada para oferta da assistência.

As especialidades com maior número de profissionais são ginecologia (98), anestesiologia (37), otorrinolaringologia (26), cirurgia geral (25) e em diferentes áreas do atendimento oncológico (66).

Além de atuarem na rede pública, os médicos contarão com a mentoria de profissionais de excelência da Rede Ebserh e de hospitais do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS). Serão dedicadas 16 horas semanais à prática assistencial e quatro horas semanais a atividades educacionais. São 16 cursos de aprimoramento para o médico que já é especialista em áreas como cirurgia, ginecologia, anestesiologia e otorrinolaringologia. 

Incentivos inéditos para formação de especialistas em áreas essenciais para o SUS

Em mais uma ação do programa Agora Tem Especialistas, o Ministério da Saúde também anunciou, nesta sexta-feira (26), incentivos financeiros inéditos para residentes, preceptores, tutores e coordenadores dos Programas de Residência em 20 especialidades médicas, além de enfermagem obstétrica e física médica. Para essa ação está previsto o investimento de R$ 112 milhões até o fim de 2026.

Direcionados a áreas prioritárias com poucos profissionais, esses incentivos visam garantir a presença de preceptores e tutores qualificados e comprometidos com a formação de mais médicos especialistas, sobretudo em especialidades que estão escassas na rede pública do país. É o caso de residentes de radioterapia e patologia, que também contarão com complemento financeiro na bolsa-formação.

Maior oferta de bolsas de residências da última década 

Para ampliar o número de profissionais especialistas no país, o Agora Tem Especialistas abriu 4 mil bolsas de residências, sendo 3 mil para Residência Médica em especialidades como anestesiologia, radiologia e cirurgia oncológica, além de 1 mil bolsas para Residência em Área Profissional da Saúde que abrangem especialidades da Saúde da Mulher, Saúde Mental, Enfermagem Obstétrica, dentre outras.

Para isso, estão abertas as inscrições até 30 de outubro para instituições interessadas em formar 4 mil profissionais especialistas em áreas prioritárias para o SUS.

Essa é a maior concessão de bolsas já ofertado pelo Ministério da Saúde nos últimos 10 anos. Somente em 2025, serão investidos R$ 1,8 bilhão em programas de residência, um acréscimo de 32% em relação a 2023. 

Atualmente, o Ceará conta com 93 programas de Residência Médica e 634 médicos com bolsas financiadas pelo Ministério da Saúde. Além disso, o estado possui 40 Programas de Residência em Área Multiprofissional e 1.233 residentes com bolsas custeadas pela pasta.

Certificação dos hospitais de ensino

Outra medida do programa é garantir excelência na formação de especialistas e melhorar a qualidade do atendimento no SUS. Para isso, o Ministério da Saúde voltou a certificar os hospitais de ensino, um reconhecimento oficial que qualifica os hospitais como ambientes formadores com o objetivo de garantir a excelência na formação de especialistas e melhorar a qualidade do atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS).

Atualmente, o Brasil conta com 202 hospitais de ensino, num universo de mais de 1.134 hospitais elegíveis para a certificação no Brasil. Destes, cinco hospitais estão entre os 300 melhores do mundo, segundo ranking da revista americana Newsweek.  O Ceará conta com 10 hospitais certificados, sendo que 65 hospitais têm potencial para solicitar a certificação no estado. 

Encerrado Seminário Internacional sobre boas práticas para proteção de crianças em situação de rua

Entre os dias 24 e 26 de setembro, Fortaleza/CE recebeu o Seminário Nacional e Internacional sobre Boas Práticas para Proteção de Crianças e Adolescentes em Situação de Rua, promovido pela Associação O Pequeno Nazareno (OPN). O evento integra o Projeto Dignidade para a Infância, realizado em parceria com a Petrobras, por meio do programa Petrobras Socioambiental. 

O ponto alto do evento foi a apresentação de dois documentos com reivindicações, uma elaborada por adolescentes e jovens e outra pelos integrantes da RIDIAC (Red Internacional por la Defensa de la Infancia y Adolescencia en Situación de Calle), encaminhadas a organismos internacionais de defesa dos direitos humanos. A iniciativa reforça o protagonismo juvenil e a escuta ativa como pilares da transformação social.

O seminário reuniu especialistas, parlamentares, representantes de organismos internacionais, organizações sociais e adolescentes de 10 países para debater políticas públicas voltadas à proteção da infância em situação de vulnerabilidade. A proposta foi fomentar o diálogo, compartilhar metodologias e fortalecer redes de proteção, com foco em soluções inovadoras e integradas.

A representante do Comitê dos Direitos da Criança da ONU, Mary Beloff, esteve presente no evento e destacou a relevância do encontro. “Estou impressionada pelo tamanho do seminário e com o compromisso e o trabalho sério voltado para pessoas em situação de vulnerabilidade, buscando amenizar a dor e o sofrimento dessas pessoas”, afirmou.

“Chegamos ao fim do seminário com o coração cheio de esperança e o compromisso ainda mais fortalecido. Ver adolescentes e jovens ocupando esse espaço com voz ativa, entregando suas reivindicações aos organismos internacionais, é a prova de que estamos no caminho certo, da escuta, da dignidade e da transformação. Nós acreditamos que proteger crianças e adolescentes em situação de rua é mais do que garantir direitos, é reconhecer potências, construir pontes e mobilizar redes que atuem com afeto e estratégia. Agradeço a cada parceiro, instituição, especialista e jovem que fez parte dessa jornada. Que as boas práticas aqui compartilhadas se multipliquem e que a carta entregue hoje reverbere por toda a América Latina como um chamado à ação”, ressaltou Manoel Torquato, coordenador do Projeto Dignidade para a Infância

A programação do evento contou com oficinas ministradas por instituições internacionais do Chile, Argentina e México, além de painéis temáticos e intervenções culturais. No último dia (26), os destaques foram:

• Painel: Estratégias de controle social e participação no enfrentamento à situação de rua de crianças e adolescentes

• Apresentação oficial da carta de reivindicações da RIDIAC aos organismos internacionais

• Intervenção artística e cultural de encerramento

Sobre a Associação Beneficente O Pequeno Nazareno

Fundada em 1993, por Bernardo Rosemeyer, a Associação Beneficente O Pequeno Nazareno é reconhecida nacionalmente pelo atendimento integral a crianças e adolescentes em situação de rua, bem como a suas famílias e comunidades de deslocados internos localizadas em  municípios do Norte e do Nordeste do Brasil. Sem fins lucrativos, a instituição dedica-se à promoção da dignidade, justiça e inclusão social, enfrentando preconceitos e influenciando políticas públicas para a transformação da sociedade.

Foto: Crédito O Pequeno Nazareno