Nos últimos anos, empresas dos mais diversos setores vêm adotando uma abordagem mais humana e estratégica na relação com seus colaboradores. Ouvir quem está dentro da operação se tornou prioridade, não apenas como forma de melhorar o clima organizacional e promover bem-estar, mas também como uma poderosa ferramenta para impulsionar o engajamento, crescimento e a inovação nos negócios.
As empresas têm percebido a importância de envolver de forma genuína seus profissionais na definição dos caminhos estratégicos do negócio. Iniciativas como programas de escuta ativa, pesquisas de clima e canais internos de sugestões vêm ganhando espaço e deixando de ser ações isoladas para se consolidarem como práticas permanentes de gestão. A proposta é transformar o conhecimento e as percepções das equipes em insumos valiosos para decisões mais assertivas e para o desenvolvimento de novos projetos. Ouvir quem está dentro da operação passou de diferencial a requisito fundamental em um mercado cada vez mais guiado por agilidade, propósito e inovação. Além, da sustentabilidade do negócio.
Na Cimento Apodi, referência na produção de cimento, concretos e argamassas, a escuta ativa é parte central da estratégia de comunicação interna. A empresa realiza de forma contínua a Pesquisa de Avaliação dos Canais de Comunicação, voltada a aprimorar a experiência dos colaboradores e fortalecer a cultura de diálogo. Ações criativas reforçam esse compromisso, como a campanha realizada no Dia dos Namorados, que convidou os colaboradores a “discutir a relação” com os canais internos, usando a analogia dos relacionamentos para destacar a importância de uma comunicação baseada em escuta, clareza e evolução constante. A ação foi considerada um sucesso e a taxa de engajamento foi de 82%. Atualmente, a Apodi está implantando um novo hub de comunicação interna, pensado com base nas necessidades reais dos colaboradores e focado em uma experiência mais fluida, interativa e colaborativa — reafirmando seu posicionamento como uma empresa que valoriza o protagonismo de seus times e aposta na inovação.
Outro exemplo vem da Aeris Energy, que utiliza, há mais de dois anos, uma pesquisa de satisfação por pulso, aplicada semanalmente de forma quantitativa e qualitativa. A ferramenta tem permitido que os gestores acompanhem de perto o engajamento das equipes e elaborem planos de ação baseados nas oportunidades identificadas. A área de Recursos Humanos também analisa os dados para melhorar serviços como alimentação e transporte, que já registraram aumento de 15 pontos na satisfação dos colaboradores. Um dos maiores indicadores de sucesso da iniciativa é a alta taxa de adesão, atualmente em 78,6%.
Já a Moura Dubeux fortalece sua cultura de integridade e ética por meio do Canal da Transparência, um espaço seguro e confidencial para que colaboradores e parceiros relatem condutas que violem os princípios da empresa. Mais do que uma ferramenta de compliance, o canal representa um compromisso com a escuta responsável, contribuindo para a prevenção de irregularidades, como assédio, discriminação e corrupção, e promovendo um ambiente de trabalho mais justo e respeitoso. As informações coletadas alimentam o Programa de Integridade da companhia e servem de base para a revisão constante de políticas e processos, reforçando a governança e a reputação institucional.
Na unidade da ArcelorMittal no Pecém, a valorização das pessoas também passa pela escuta ativa. A empresa realiza a pesquisa Speak UP+, que orienta ações para melhoria do clima organizacional com base no respeito e reconhecimento. Grupos de afinidade em Equidade e Inclusão contribuem para a promoção de um ambiente mais humanizado, transparente e acolhedor, onde todas as pessoas possam se desenvolver de forma equitativa. Na produtora de aço, a plataforma Valoriza+ estimula o reconhecimento de atitudes positivas no dia a dia de trabalho, fortalecendo a cultura de valorização. Reforçando seu compromisso com os direitos humanos, a ArcelorMittal conduziu um estudo socioeconômico com 82% dos colaboradores da unidade, que irá direcionar ações voltadas ao bem-estar e à qualidade de vida.
“Essas iniciativas mostram que, em um cenário corporativo cada vez mais orientado por propósito, agilidade e inovação, ouvir quem está dentro da operação deixou de ser um diferencial competitivo para se tornar uma exigência estratégica. A escuta ativa, quando feita com autenticidade e compromisso, transforma culturas, fortalece lideranças e impulsiona empresas rumo a um futuro mais sustentável, humano e inovador”, explica Sergio Mauricio, CEO da Cimento Apodi.
Saúde mental e escuta ativa: acolhimento que faz a diferença no ambiente de trabalho
A tendência também caminha lado a lado com uma preocupação crescente com a saúde mental. Empresas têm investido em ferramentas de acompanhamento psicológico, rodas de conversa, lideranças mais empáticas e treinamentos voltados à escuta e ao diálogo.
A Cimento Apodi adota, desde 2024, uma ferramenta de Avaliação de Engajamento Contínuo, via Pulse, com adesão semanal de 86% dos colaboradores. Por meio dela, os funcionários registram anonimamente suas percepções sobre o ambiente de trabalho, permitindo que os gestores ajam, em tempo real, sobre questões que impactam diretamente a motivação e o bem-estar. Uma das dimensões avaliadas é o “bem-estar”, o que possibilita a criação de programas que incentivem bons hábitos e ajudem a reduzir o estresse. Além disso, a empresa oferece o Programa de Apoio Pessoal via plataforma Auster, garantindo suporte psicológico gratuito, sigiloso e disponível 24 horas por dia, todos os dias da semana.
Por sua vez, desde 2020, o Beach Park desenvolve o projeto “Cuidando de Você”, criado na pandemia para apoiar colaboradores em questões de saúde física e mental. Com uma equipe multidisciplinar, com nutricionista, psicóloga, assistente social e clínico geral, os atendimentos são sigilosos, individuais ou em grupo, e podem ser solicitados a qualquer momento. A assistente social Lidiane Dantas ressalta que muitos buscam apoio para melhorar o bem-estar e qualidade de vida, lembrando que cuidar da saúde mental exige coragem. Ansiedade, luto e violência são algumas das principais demandas, segundo a gerente de RH Anunciada de Moraes, que reforça: “saúde mental é tão importante quanto a física”.
“A mudança de postura evidencia que, mais do que estruturas hierárquicas rígidas, as empresas buscam construir relações horizontais, baseadas na confiança e no engajamento. Nesse novo cenário, ouvir é o primeiro passo para evoluir como organização e como coletivo”, conclui Sérgio Maurício.