Danças, culturas, estéticas, linguagens. Jeitos de corpo, formas de mover, a Bienal é plural, o Brasil, multiplicidade. Origens distintas, miscigenações, travessias infinitas: de identidades forjadas por ancestralidades, de memórias não mais silenciadas, de resistências que seguem vivas, de territórios reais e imaginários, de corpos empoderados. Hierarquias demolidas, dramaturgias multiplicadas, distintas propostas, o balaio da Bienal acolhe e abraça a diversidade.
É nessa fonte que bebe a Bienal Internacional de Dança do Ceará, cuja 8ª edição da Bienal De Par em Par – a que acontece nos anos pares – será realizada de 21 a 29 de outubro de 2022. Os corpos seguem sujeitos da arte – resilientes e inventivos – para nos rememorar histórias que são nossas, deles, delas, de outros, iluminando realidades e diferenças bem-vindas e necessárias. São inúmeras as configurações das artes, múltiplas as formas da dança se dizer. O mundo é lugar de muitas falas, cores e gestos. A Bienal se alegra em acolher essa profusão criadora em seus palcos.
QUANDO E ONDE
Com solenidade de abertura no dia 21 em Fortaleza, às 19 horas, e em Paracuru, às 21h, a VIII Bienal De Par em Par acontece também em Juazeiro do Norte e Itapipoca. A programação ocupará espaços diversos como Cineteatro São Luiz, Theatro José de Alencar, Centro Cultural Porto Dragão, Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ), equipamentos da Secult Ceará, além da Vila das Artes e casa da Silvia Moura, em Fortaleza; Escola de Dança de Paracuru e Praça da Matriz, em Paracuru; Teatro Patativa do Assaré, no SESC, e Associação Dança Cariri, em Juazeiro do Norte; Teatro Alternativo de Itapipoca e Associação das Artes Cênicas de Itapipoca. Os ingressos para as apresentações em Fortaleza devem ser retirados no site Sympla: www.sympla.com.br/bienaldedanca. Toda a programação tem acesso gratuito.
Na abertura em Fortaleza, antes da solenidade, a Cia de Dança Mainara Albuquerque apresenta “Vitrúvio”, coreografia de Jefferson Oliveira baseada no Homem Vitruviano, desenho de Leonardo da Vinci. A São Paulo Companhia de Dança encerra a programação de abertura no palco do Cineteatro São Luiz com o três obras do repertório, “Mamihlapinatapai” (2012), “Instante” (2017) e “Grand Pas de Deux de Dom Quixote” (1869/2012).Para festejar o início de mais uma edição da Bienal De Par em Par, a cantora Karina Buhr, acompanhada do guitarrista Régis Damasceno, apresenta o show “Karina Buhr Voz e Tambor” em frente ao Teatro Dragão do Mar, às 21h.
Enquanto isso, em Paracuru, a Companhia de Danças de Diadema apresenta “Crocodilo embaixo da cama”, obra criada em 2021 a partir de uma pesquisa sobre o universo da criança diante dos medos, anseios e incertezas durante a pandemia de covid-19. Depois de Paracuru, o espetáculo será apresentado em Fortaleza, no domingo, 23, no Cineteatro São Luiz.
A programação em Fortaleza segue até sábado, dia 29, com três a quatro espetáculos por dia, a partir das 16 horas. Além das apresentações, outras atividades artísticas e formativas acontecem nesta edição. Os projetos Impermanência, com Thembi Rosa, Margaret de Assis, Myriam Gourfink e Josephine Derobe, de 26 a 29, no Centro Dragão do Mar, e Parquear, conduzido por Thembi Rosa e Margo Assis, dia 27 na Vila das Artes e dia 28 na Praça do Ferreira, das 15h às 17h, com demonstração pública no dia 29, no Centro Dragão do Mar. O espanhol Alex Pachón, com o apoio da Acción Cultural Española (AC/E), conduz a Residência “Corpos mediados – Laboratório de coreo-cinema”, de 18 a 28 de outubro no CCBJ. Os participantes desta ação recebem uma bolsa no valor de R$ 450,00, financiada pelo Fundo Estadual de Combate à Pobreza (FECOP).
Eixo trabalhado pela Bienal de Dança desde 2015, a Plataforma de Acessibilidade contempla ações de formação e difusão, realizando atividades como o 5º Seminário Dança e Acessibilidade. Esta edição amplia o conceito do tema “Cores e Nomes” para integrar os mais diversos corpos e condições. Em Palestras e Rodas de Conversa, serão debatidas não só as demandas da pessoa com deficiência, como questões de raça, gênero e corpos dissidentes. A pluralidade será o mote para se pensar outros modos de acesso ao direito à cidade e como ocupar esses espaços. Na Plataforma também serão exibidos vídeos em formato acessível que exploram a diversidade como outros modos do pensar a gestualidade e haverá uma Oficina de conscientização para profissionais da cultura. A programação acontecerá de 25 a 29, sempre às 16 horas, no Cinema do Dragão.
Em Paracuru, a programação acontece de 21 a 23 com espetáculos e masterclass. No palco da Praça da Matriz, a Paracuru Cia de Dança apresenta no dia 22 “Inventário de Belezas”, criação do coreógrafo Luiz Fernando Bongiovanni numa coprodução da Bienal de Dança que usa da acessibilidade como elemento de criação. A Companhia de Danças de Diadema volta ao palco no dia 22, dessa vez, com “Força fluida”, espetáculo de Jaeduk Kim que teve estreia em 2017. No fim de tarde do dia 23, também na Praça da Matriz, Clarissa Costa apresenta “Normalmente”. De manhã, nos dois primeiros dias, a bailarina e coreógrafa Ana Bottosso, diretora da Companhia de Danças de Diadema, conduz uma Masterclass destinada aos alunos da Escola Pública de Dança de Paracuru.
A Bienal De Par em Par estará em Juazeiro do Norte de 26 a 28 com espetáculos, oficina e residência artística. Um dos destaques é a bailarina e coreógrafa cearense Valéria Pinheiro, que abre a programação no Cariri com “Touro {BULL}”, um espetáculo que aborda o tema da ancestralidade feminina a partir do ponto de vista da cultura caririense. É com ela a residência Guerreiras de Santa Madalena – A força da mulher no brinquedo popular, que vem acontecendo desde março deste ano, no CRAS de João Cabral, bairro onde residem todas as participantes do projeto. São mulheres do brinquedo popular que fazem parte do Reisado dos Irmãos. Mestre Antônio e Mestre Raimundo são como mentores, assim como Mestra Yara, que está à frente das Guerreiras de Santa Madalena. No dia 28 o grupo se apresenta no Teatro Patativa do Assaré, no SESC.
A Bienal leva o artista francês Pol Pi a Juazeiro do Norte e Itapipoca, respectivamente nos dias 27 e 28, para apresentar o espetáculo “ECCE (H)OMO” e ministrar uma oficina de composição coreográfica.O espetáculo, criado em 2017, é um desejo de reflexão sobre a noção do legado na dança através de uma interpretação do grupo de dança Afetos Humanos, da coreógrafa alemã Dore Hoyer (1911-1967). Na oficina, destinada a bailarinos profissionais, Pol trabalhará a partir de suas técnicas de composição coreográfica para a criação de “ECCE (H)OMO”. Em Fortaleza, o artista participará da Plataforma de Acessibilidade, proferindo uma palestra no dia 29, no Cinema do Dragão.
Cia Inspire e Cia Alysson Amancio estão juntas em “Não é proibido pisar na grama”, que fecha a programação da bienal em Juazeiro do Norte. O espetáculo, criação e direção de Luciana Araújo, faz uma analogia ao “proibido pisar na grama” com as dimensões do permitido e do proibido que atravessam os corpos dos bailarinos, três homens que encaram o feminino que os perpassa e os constrói, convocados pelo olhar de uma mulher.
Em Itapipoca, cidade que terá programação daBienal de Par em Par de 26 a 28, a Tannteatro Companhia apresenta “Mensagens de Moçambique”, solo do bailarino moçambicano Jorge Ndlozy, que no dia 25 estará no Teatro Dragão do Mar, em Fortaleza. Este espetáculo tematiza a luta pela soberania e autorrealização face à herança colonial portuguesa em um país africano. Com direção de Wolfgang Pannek e direção coreográfica de Maura Baiocchi, a obra foi criada por ocasião da ARTT 2018 (Art Residence Taanteatro). No dia 27, em Itapipoca, Jorge Ndlozy conduz pela manhã uma oficina destinada aos bailarinos profissionais da cidade, na Associação de Artes Cênicas de Itapipoca (AARTI).
A VIII Bienal Internacional de Dança do Ceará – De Par em Par é uma realização da Indústria da Dança e da Proarte. Tem o apoio da Prefeitura de Fortaleza, Prefeitura de Itapipoca, Prefeitura de Paracuru e SESC Fecomércio, e o apoio institucional da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE), por meio da Lei do Mecenato Estadual. Agradecimento: Enel.