A Pesquisa do Endividamento do Consumidor de Fortaleza, realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-CE), através do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC), para o bimestre março/abril de 2023, revela que 70,6% dos consumidores da capital cearense possuem algum tipo de dívida, retornando ao patamar observado para o período anterior à Pandemia Covid 19, sendo o menor nível desde dezembro de 2020, quando a taxa foi de 65,2%.
O índice apresentou redução de 4,8 pontos percentuais quando comparado com o último bimestre encerrado em fevereiro, de 75,4%, e abaixo do observado no mesmo período do ano passado (76,5%).
A proporção de consumidores com contas ou dívidas em atraso teve leve diminuição de 0,1 ponto percentual, passando de 22,2%, no bimestre janeiro/fevereiro, para 22,1% no atual período. As dificuldades em honrar os compromissos financeiros afetam mais as mulheres (23,0% dos entrevistados desse grupo afirmaram possuir contas em atraso), os consumidores do estrato com idade acima dos 35 anos (25,1%) e da classe com renda familiar mensal acima de dez salários-mínimos (32,0%).
O tempo médio de atraso é de 72 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é a necessidade de se adiar o pagamento, para uso dos recursos em outras finalidades, com 47,0% das respostas. O segundo motivo mais mencionado é o desequilíbrio financeiro, citado por 46,3% dos entrevistados, seguido da contestação das obrigações (5,5%) e da perda de prazo por esquecimento (4,6%).
Comprometimento da renda
O consumidor de Fortaleza está comprometendo, em média, 40,5% da renda familiar com o pagamento das dívidas, percentual 1,9 pontos abaixo do observado no bimestre janeiro/fevereiro (42,4%) e abaixo do verificado no mesmo bimestre do ano passado (43,3%), sinalizando uma tendência de melhora do indicador que atingiu o seu pico no segundo semestre de 2022.
Os instrumentos de crédito mais utilizados pelos consumidores são: cartões de crédito, citados por 78,1% dos entrevistados; financiamento bancário (veículos, imóveis etc.), com 14,0%; empréstimos pessoais, com 8,3%; carnês e crediários, com 3,9%; e cheque especial, com 1,4%.
A pesquisa mostra que são os gastos correntes os principais responsáveis pelo endividamento, com destaque para a compra de alimentos a prazo (citado por 57,9% dos consumidores entrevistados), o pagamento de aluguel residencial (18,1%), o custeio da educação (13,6%) e a cobertura de despesas de saúde (9,7%). O valor médio das dívidas é de R$ 1.624, com prazo médio de oito meses.
Inadimplência potencial
A taxa de inadimplência potencial, ou seja, a proporção de consumidores que não terão condições financeiras para honrar seus compromissos, teve aumento de 2,0 pontos percentuais, atingindo o patamar de 11,1% no bimestre março/abril. O índice também mostra piora com relação ao mesmo período de 2022, quando foi mensurado em 10,5%.
O perfil do consumidor inadimplente mostra preponderância do grupo de consumidores do sexo feminino (inadimplência potencial de 12,1%), do grupo com idade acima dos 35 anos (13,7%) e do estrato com renda familiar mensal inferior a cinco salários-mínimos (11,7%).
Orçamento familiar
A pesquisa ainda revela que 79,9% dos consumidores de Fortaleza afirmam fazer orçamento mensal e acompanhamento eficaz dos seus gastos e rendimentos, o que contribui para um melhor controle dos níveis de endividamento. Dos entrevistados, 10,5% informaram não possuir orçamento e tampouco controle dos gastos e 9,6% relataram que fazem orçamento dos rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos.
A falta de planejamento orçamentário é um problema crítico para o controle do endividamento, estando sempre entre um dos principais motivos para o atraso ou inadimplência. Dos fatores que os consumidores consideram que mais contribuem para esse problema, listam-se:
- A falta de orçamento e controle dos gastos, com 56,1% das respostas;
- As compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário, com 19,6%;
- O aumento dos gastos considerados essenciais, com 16,7%;
- Redução dos rendimentos, com 14,4%;
- Desemprego, com 12,8%; e
- Gastos imprevistos, com 11,5%;