Cerca de 70% das empresas familiares no Brasil não possuem um conselho de administração
Ano após ano, os números de diversas pesquisas confirmam que o sucesso das empresas familiares influencia profundamente na economia em todo o mundo e no Brasil não é diferente. Elas representam 90% das nossas empresas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e empregam 75% da força de trabalho nacional. Mas ainda existe um longo caminho para aumentar a longevidade destas empresas que, na maioria quase esmagadora dos casos, não sobrevivem à terceira geração.
Para falar sobre números, histórias de sucesso e tendências desse mercado, foi realizado o segundo Legacy & Leadership de 2024, reunindo líderes empresariais de Goiânia. O evento semestral, realizado pela KBL Contabilidade e FOX Partners, contou com a palestra do empresário Vinicius Diniz, que é diretor comercial do Grupo Kelldrin, uma empresa familiar goiana que vem prosperando.
Com um aumento de 35% no faturamento neste ano e com produtos, que competem com multinacionais, presentes em 80% dos principais supermercados do país. Vinícius fala sobre a importância de crescer com propósito: “Apostamos nas pessoas. Mais que longevidade das empresas, apostamos na prosperidade das famílias”.
Conselho administrativo
Em um segundo momento, o conselheiro do Grupo Soares e especialista em governança corporativa, Marcelo Camorim, falou sobre a jornada da empresa familiar para o modelo de sociedade anônima, enfatizando a importância do conselho administrativo. O grupo fundado há seis décadas, implantou, neste ano, encontros da terceira geração, dez sucessores de 14 a 33 anos, com o propósito de discutir e integrar os jovens herdeiros com os propósitos da empresa.
“Eles apenas precisam ter consciência de que não vão deixar de ser herdeiros e, portanto, precisam eleger um representante preparado para sua cadeira no conselho e saber fazer as perguntas certas para acompanhar a performance”, explica Camorim. A importância deste tema se reforça quando vemos a pesquisa recente chamada Legado das Empresas Familiares: preservando o passado e construindo o futuro – 2024 Global Family Business Survey, produzido pela KPMG e pelo STEP Project Global Consortium.
No levantamento global vemos, por exemplo, que apenas 31% das nossas empresas familiares contam com um conselho de administração e, quando ampliamos para América do Sul, esse número sobe para 48%. “Não pode haver mais espaço para a informalidade na gestão de empresas familiares e para a ausência de estruturas como um conselho de administração”, comenta Ivan Lima, sócio da KBL Contabilidade, empresa que atua há 17 anos nas áreas de assessoria tributária e contabilidade empresarial.
No evento foram lembradas questões importantes que envolvem a longevidade das empresas familiares, questões como paixão pelo negócio, gratidão aos fundadores e orgulho da qualidade. “Nosso objetivo com o Legacy & Leadership é promover encontros entre proprietários, sucessores e gestores, líderes comprometidos com a inovação e a sustentabilidade de suas organizações”, conclui Ivan.