Quarto dia do Fotofestival SOLAR promove debates, lançamentos de livros e show da cantora Letrux
O quarto dia de Fotofestival Solar foi marcado por uma intensa programação que evidenciou a fotografia como importante expressão artística e plataforma de diálogo. O sábado (14) contou com atividades distribuídas por diversos espaços culturais de Fortaleza e reuniu nomes importantes da cena nacional e internacional para debates, visitas mediadas, exibições audiovisuais, lançamentos de livros e show para fechar a programação do dia.
A programação começou na Estação das Artes com visita mediada à exposição “Onde guardaremos este instante de alegria?”, conduzida por Iana Soares, Fernanda Siebra e outros autores das obras expostas. A atividade foi marcada por reflexões sobre a memória afetiva e a relação entre imagem e narrativa. Em seguida, no auditório da Kuya – Centro de Design do Ceará, foi realizada a conversa “Vermelho Vivo: Chumbo, Papel e Cravos” que reuniu Ângela Berlinde, Miguel Del Castillo e David-Alexandre Guéniot. O trio abordou temas como resistência política e histórica, destacando o papel da fotografia na preservação de memórias coletivas.
À tarde, a Kuya sediou dois debates de grande relevância. A primeira mesa, intitulada Figuras de tempos e sonhos, trouxe o olhar de Joaquim Paiva, Carolina Cattan e Rony Maltz sobre a relação entre fotografia, temporalidade e imaginação. Logo após, a conversa Festejar os fotolivros, construir comunidades destacou o papel dos festivais de fotolivros. A conversa contou com a participação de Olmo González (Fiebre Photobook), Agustina Tato (FELIFA) e Luciana Molisani (IMAGINÁRIA).
Na Pinacoteca do Ceará, a tarde foi marcada pela exibição da mostra Cruzeiro do Sul, que integrou a programação da exposição Delírio Tropical, apresentando filmes e vídeos de artistas participantes.
O quarto dia de Festival contou ainda com o lançamento do livro “Fujikawa – O Sol Daqui Brilha Amarelo”, do fotógrafo Henrique Fujikawa, vencedor do Prêmio Foto em Pauta 2024. A obra trata sobre o sentimento da chegada de imigrantes japoneses ao Brasil e foi lançada numa parceria com o Foto em Pauta, a Editora Tempo d’Imagem e a Gráfica Rona.
O autor do livro, Henrique Fujikawa, agradeceu a oportunidade de lançar seu trabalho e destacou a importância de estudar a imigração. “Estou bastante feliz de estar aqui hoje acompanhado de amigos, fotógrafos, artistas, pessoas que eu admiro muito. E mais ainda por falar dessa trajetória, dessa família. Falar sobre esse livro é muito especial. Todos os lugares que estão nele são lugares que eu me encontro também. Acredito que é importante a gente entender todas as trajetórias da imigração, porque a gente vai enriquecendo muito mais os nossos pontos de vista e, sobretudo, vai criando uma consciência mais expandida”, concluiu
Presente no lançamento, o diretor do Fotofestival Solar, Tiago Santana, ressaltou a necessidade de incentivar autores e autoras na publicação de novos livros. “Esse momento reforça a importância de proporcionar momentos de aprendizado, de formação, que os festivais tanto fazem no Brasil. É um prazer fazer parte e espero que tenha continuidade. Que a gente possa possibilitar autores e autoras a terem seu primeiro livro publicado”, pontuou.
Também foi realizado o lançamento coletivo de 21 livros em parceria com o Festival Imaginária. O evento aconteceu na Livraria Solar, na Pinacoteca do Ceará, e permitiu ao público presente conhecer os autores e as obras publicadas.
Alessandra Sposetti, autora do livro Agora a água é ondas de marshmallow, parabenizou o Fotofestival por incentivar o trabalho e a pesquisa de fotógrafos. “É a primeira vez que eu participo de um lançamento coletivo assim, com tanto público. Eu estou gostando muito, porque é possível ter trocas com os meus colegas e conhecer novas pessoas aqui. Essa é uma iniciativa muito importante para as pessoas me conhecerem e conhecerem o meu trabalho” destacou.
Já a noite, o auditório da Pinacoteca sediou a conversa “O velho mundo está morrendo, o novo demora a nascer”, com o artista e arquiteto Alfredo Jaar e mediação de Moacir dos Anjos. A conversa trouxe reflexões sobre as transformações políticas, sociais e culturais que o mundo contemporâneo enfrenta, a partir do olhar crítico da arte.
O mediador da conversa, Moacir dos Anjos destacou que “o trabalho de Jaar compreende a cultura e a arte como formas de ações humanas que são capazes de denunciar disputas em um dado contexto social”.
O artista e arquiteto Alfredo Jaar agradeceu a oportunidade de estar em Fortaleza e ressaltou a importância do poder público incentivar a cultura. “É uma experiência belíssima estar aqui em Fortaleza neste espaço de luz em tempos obscuros. É um milagre quando a política pode criar mais luzes e mais cultura. Aqui em Fortaleza temos um modelo político. Eu não posso atuar neste mundo antes que eu possa entendê-lo minimamente. Tudo que eu sei do mundo eu aprendi fazendo arte”, revelou.
Alfredo Jaar também falou sobre o trabalho que realiza. “Divido o meu trabalho em três áreas. Em uma área eu perpasso pelo mundo artístico e crio obras e falo para o público artístico, que é um público limitado. Eu também crio intervenções públicas, que estão em paralelo ao mundo artístico, e falo com um público bem maior. Preciso criar um vocabulário diferente em cada trabalho. Essa atitude de trabalhar nesses projetos para o público geral proporcionou-me muito crescimento como artista. Ao compartilhar minhas experiências com as novas gerações eu aprendo bastante. Me sinto realizado como ser humano e como profissional fazendo essas três colunas do meu trabalho”, afirmou.
E para finalizar o quarto dia de evento, a Estação das Artes foi palco do show da cantora Letrux, que trouxe para Fortaleza o show “O último romântico”, do cantor Lulu Santos. Segundo a artista, o repertório é uma homenagem ao cantor que completa 70 anos. “Hoje trago um show mais pra cima. A gente fez esse show em um festival no Rio e a gente quis fazer esse show mais uma vez. Lulu Santos faz 70 anos e é um dos maiores hitmakers do Brasil. Eu sou muito fã dele e o público ama as músicas”, realçou.
Letrux, que além de cantora é escritora, compositora, poeta e atriz, reconheceu o Fotofestival Solar como uma iniciativa importante para valorizar o poder da fotografia. “Ter uma exposição com fotógrafos e fotógrafas que levem a fotografia a sério é muito importante. Fico feliz do público ter vindo para meu show, mas que antes puderam ver as exposições. Gosto muito dessa junção com a fotografia”, finalizou.
A programação do 3º Fotofestival SOLAR se encerra neste domingo (15) com visitas mediadas, oficina, conversa com a fotógrafa mexiacana Graciela Iturbide e Rosely Nakagawa, além do encerramento com a entrega do Prêmio Maquete de Fotolivro Solar 2024.
SERVIÇO
Fotofestival SOLAR 2024
Quando: de 11 a 15 de dezembro de 2024
ACESSO: Gratuito. Livre.