A farmacêutica e docente da Estácio Ceará, Marília Vasconcelos, alerta para os cuidados com o diabetes no fim do ano.
O mês de dezembro é tradicionalmente marcado por férias, viagens e mudanças significativas na rotina, o que pode representar um desafio extra para pessoas que convivem com diabetes tipo 1 ou tipo 2. Segundo a farmacêutica e docente do curso de Farmácia da Estácio Ceará, Marília Vasconcelos, esse período exige atenção redobrada para evitar descompensações glicêmicas e intercorrências que podem comprometer a saúde.
De acordo com a especialista, horários irregulares, alimentação fora da rotina e longos deslocamentos favorecem o esquecimento de medicamentos, atrasos na aplicação de insulina e a redução da frequência da monitorização da glicemia. Além disso, sintomas de hipoglicemia ou hiperglicemia muitas vezes acabam sendo confundidos com cansaço, estresse ou efeitos do calor, o que pode retardar a identificação do problema.
Outro ponto de alerta, especialmente durante o verão, é o armazenamento correto das insulinas e de outros medicamentos. As altas temperaturas podem comprometer a eficácia desses produtos, tornando indispensável o uso de bolsas térmicas e o cuidado para evitar exposição ao sol ou a locais sem controle de temperatura, como porta-luvas de carros ou bagagens despachadas. Marília reforça que as insulinas devem ser transportadas sempre na bagagem de mão, bem acondicionadas, preferencialmente com dispositivos que auxiliem no resfriamento. Fora do processo de refrigeração, a insulina pode ser mantida em temperatura ambiente por até 28 dias, desde que protegida do calor e da luz, sendo fundamental anotar a data de início e término desse período.
A prevenção de emergências, segundo a farmacêutica, também depende de organização e planejamento. Pessoas com diabetes tipo 1 devem viajar com um kit completo, incluindo medicamentos, insulinas extras, glicosímetro, tiras reagentes, lancetas e fontes rápidas de glicose. Para quem utiliza bomba de insulina, é importante levar conjuntos de infusão adicionais, insulinas de ação rápida e basal e sistemas alternativos de monitorização, como o Libre, caso ocorra falha no equipamento. Durante viagens longas, especialmente de avião, recomenda-se atenção redobrada ao uso de tecnologias, já que a variação de pressão na subida e descida pode interferir no funcionamento da bomba de infusão, aumentando o risco de hipoglicemia, principalmente em crianças.
Marília Vasconcelos destaca ainda a importância de levar lanches adequados na bagagem de mão para auxiliar no controle glicêmico ao longo do trajeto, manter uma hidratação adequada e estar atento a sinais como tontura, tremores, suor frio ou confusão mental, que podem indicar hipoglicemia, assim como sede intensa e cansaço excessivo, possíveis sinais de hiperglicemia.
Nesse contexto, o farmacêutico exerce um papel fundamental ao orientar sobre o uso correto dos medicamentos, revisar o tratamento e reforçar práticas de autocuidado antes das viagens. “Dezembro é tempo de descanso, mas também de responsabilidade com a saúde. Com informação, organização e acompanhamento profissional, é possível aproveitar o período com mais segurança e tranquilidade”, conclui Marília.