Fortaleza anuncia candidatura para sediar COP18 durante abertura da ICID 2025

Conferência da ONU sobre combate à desertificação aconteceu apenas uma vez no Brasil, em 1999, e terá sua 18ª edição em 2028

Durante a abertura da 3ª Conferência Internacional sobre Clima e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (ICID 2025), realizada nesta segunda-feira (15), em Fortaleza, o secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social (SEDES) do MCTI, Inácio Arruda, na ocasião representando a ministra Luciana Santos e o MCTI, anunciou que a capital cearense será candidata a sediar a 18ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (COP18).

Essa será a segunda vez que o Brasil poderá receber a conferência, que tem papel estratégico no enfrentamento à desertificação e à degradação da terra. A primeira e única edição sediada pelo país ocorreu em 1999, na cidade do Recife (PE), reunindo representantes globais para debater soluções de convivência com os desafios ambientais em regiões áridas e semiáridas.

De acordo com o secretário, a proposta já havia sido previamente feita à Andrea Mezza, secretária executiva adjunta da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), e ao governador Elmano de Freitas. “Já colocamos a proposta e só falta estarmos na Mongólia (onde será realizada a COP 17) no próximo ano e, a partir de lá, sairmos com a decisão de realizar essa COP no Brasil, que é a COP de semi-áridos, que cuida de desertos, que cuida das terras secas e que cuida de todos nós que moramos nestas regiões do mundo”, defendeu.

ICID reúne líderes globais em Fortaleza

A abertura oficial da 3ª Conferência Internacional sobre Clima e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (ICID 2025) contou com a presença de autoridades nacionais e internacionais, como representantes da UNCCD; da COP30 e de embaixadas estrangeiras; além do governador do Ceará, Elmano de Freitas; do diretor da ICID, Antônio Rocha Magalhães; e da secretária da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará, Sandra Monteiro.

Durante sua fala, o governador Elmano defendeu a importância de ações integradas e coletivas para garantir o presente e futuro das gerações. “A ICID 2025 é mais que um evento acadêmico, é um chamado à ação conjunta, é a celebração de uma agenda de cooperação que une continentes, idiomas e culturas em nome de um objetivo comum: garantir a segurança hídrica, alimentar e energética. O nosso objetivo é que daqui não saiam apenas declarações, mas também novas parcerias, projetos e esperança para os povos do semiárido e de todas as regiões vulneráveis às mudanças climáticas no mundo”.

Inácio Arruda defendeu a importância da carta de recomendações da ICID, que será enviada à COP30. “Nós queremos ter voz, precisamos ter atenção completa. Esse é o objetivo da conferência que estamos fazendo agora. É importante que a nossa carta seja lida em Belém, pois os pesquisadores e cientistas do mundo estão preocupados não apenas com a Floresta Amazônica, que é muito importante, mas também com os outros biomas, como o semiárido, onde, dentro dele, há um ecossistema tipicamente nosso, que é a Caatinga. É importante que ela tenha uma atenção especial, para que possamos contribuir para o seu desenvolvimento sustentável. Nós queremos que o semiárido seja voz dentro da COP30”, comenta.

Já a secretária Sandra Monteiro ressaltou a importância da ICID para o debate e intercâmbio de ações que já estão sendo realizadas em todo o mundo. “É uma iniciativa importante para aprendermos junto com outros países sobre como eles trabalham em áreas já desertas, mas, principalmente, para mostrar que o Ceará desponta como um estado de excelência nessas políticas públicas. Então, acredito que essa semana será bastante produtiva de muita troca de conhecimento e articulação para que as gerações futuras também tenham esse tipo de experiência”.

Eduardo Sávio, presidente da Funceme, afirma que o Ceará já vem realizando identificação de áreas desertas em seu território e iniciando o processo de recuperação. “É um mapeamento que a gente faz até hoje. E ao longo desse monitoramento, nós queríamos sair dessa atitude passiva, de só monitorar o que estava acontecendo, a começar a implementar ações para reverter esse processo. Então, nós participamos do projeto Prodam, que é localizado em Canindé, para recuperar uma grande área, de 70 hectares de mata nativa, que estava bem degradada e hoje está completamente recuperada”.

Fernando Rizzo, presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), defende que pensar em terras semiáridas é um ponto fundamental para a discussão do desenvolvimento sustentável. “Aqui, vamos buscar sintetizar um conhecimento aplicável para políticas públicas em áreas estratégicas, como vulnerabilidade climática, uso de dados, previsão, cenários, estresse hídrico e adaptação climática, ou seja, temas que refletem no território e afetam a vida de milhares de pessoas”.

Além das autoridades mencionadas, também estiveram presentes no primeiro dia da ICID: Edel Nazaré Santiago de Moraes, Secretária Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima; Anjoum Noorani, Cônsul Geral da Grâ-Bretanha; Rholden Botelho de Queiroz, Presidente do Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE); Vilma Freire, Secretária de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima; Fernando Santana, Secretário de Recursos Hídricos do Ceará; Sophie Jacquel, Conselheira para Ação Conjunta e Cooperação Cultural da França; Dominique Hautbergue; Diretor Regional da Agência Francesa de Desenvolvimento no Brasil e Argentina – AFD; Gilles Pecassou, Diretor-Geral Adjunto do Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento – IRD; Ana Clara Rodrigues Cavalcante, Chefe-Geral da Embrapa Caprinos e Ovinos, Representando a Embrapa Nacional; Cid Alves, Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Ceará; Pierre Marraccini, Representante do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento no Brasil CIRAD; Abdelfettah Sifeddine, Representante do Instituto de Pesquisa para Desenvolvimento no Brasil – IRD; Romeu Aldigueri, Presidente da Assembleia Legislativa; Fernanda Uchôa, Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 7° Região; Sâmia Farias, Defensora Pública Geral do Estado; Alexandre Cialdini, Secretário do Planejamento e Gestão.

O que vem por aí

Para esta terça-feira (16), o evento segue com painéis sobre financiamento da resiliência climática, indicadores de resultados para programas e projetos de resiliência à seca, coordenação de políticas para o desenvolvimento sustentável do semiárido e a apresentação do Plano de Adaptação às Mudanças Climáticas do Estado do Ceará.

Organização
A ICID 2025 é uma promoção do Governo do Ceará, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A realização está a cargo da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece), da Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Ceará (Sema) e da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). A coordenação executiva é do CGEE, e o evento conta com apoio de instituições como UNCCD, ANA, Embrapa, Embaixada da França no Brasil e Cemaden; além de patrocínio da FIEC e do Sebrae.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no Sympla. A programação completa está disponível em: www.icid2025.com.br/programacao.


Serviço

3ª Conferência Internacional sobre Clima e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (ICID 2025)
Data: 15 a 19 de setembro de 2025
Local: Centro de Eventos do Ceará – Fortaleza (CE)
Mais informações: www.icid2025.com

Inscrições no link.

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