Corregedoria do TJCE atende pleito da OAB-CE e determina ampliação dos atendimentos nas unidades prisionais
A Corregedoria do Tribunal de Justiça do Ceará atendeu o pleito da Ordem dos Advogados do Brasil – Secção Ceará (OAB-CE) e determinou que a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP) forneça melhores condições para a atuação dos advogados nas unidades prisionais.
Na decisão, o juiz Raynes Viana de Vasconcelos determinou que a SAP coloque, no prazo de 30 dias, em plena operação e disponibilidade para agendamento de atendimentos todos os parlatórios atualmente já construídos nas unidades prisionais, além de realizar manutenção em caso de necessidade. O magistrado também determinou a ampliação do atendimento advocatício ao preso para até 1h, quando houver sessão de julgamento pelo Tribunal do Júri nos 10 dias seguintes ao atendimento pretendido; a ampliação da quantidade de atendimentos por advogado a mais de dois internos por dia por unidade prisional, com a devida justificativa ao diretor da unidade; e autorizou o atendimento do preso por até dois advogados simultaneamente, quando houver inquérito policial ou ação penal em tramitação.
“Constata-se o reduzido número de parlatórios em funcionamento nas unidades prisionais sob jurisdição desta Corregedoria Geral, conforme documento apresentado pela SAP. Ademais, percebe-se o baixo número de atendimentos jurídicos, o que se mostra incompatível com o acesso adequado à defesa da pessoa privada de liberdade”, afirmou o juiz na decisão.
A presidente da OAB-CE, Christiane Leitão, destacou a relevância da conquista. “A decisão mostra a importância do papel da advocacia para uma sociedade mais justa, que respeita a Constituição e o direito à ampla defesa. Mais uma vez, a atuação da OAB foi fundamental para que as prerrogativas da advocacia sejam respeitadas. Esse é um importante avanço, mas há muito mais a ser conquistado para a garantia do exercício pleno da advocacia e do direito de defesa”, afirmou.
Denúncias
De acordo com Christiane Leitão, as violações de direitos humanos e de prerrogativas dos advogados nas unidades prisionais são frequentemente denunciadas à Ordem. “Nós temos salas de apoio em todos os presídios e muitas vezes são os colegas advogados que compartilham essas situações conosco, mas também recebemos denúncias de familiares de presos. Vamos manter a nossa voz muito altiva e vamos continuar levantando essa bandeira”, acrescentou.
A presidente da OAB-CE também ressaltou que as violações de prerrogativas atingem, principalmente, mulheres e jovens advogados. “É muito fácil constranger por ser um agente do Estado, mas estamos atentos a essa luta porque muitas das violações de prerrogativas acontecem com mulheres e com jovens advogados e, em especial, nos presídios e nas delegacias. Prerrogativas são direitos. A gente precisa trabalhar em um ambiente em que o respeito seja mútuo”, disse, ressaltando que os advogados contam com o Centro de Apoio que funciona 24 horas (85-99111.5533) para orientar em caso de violação de prerrogativas. “Nós somos a favor de todos os mecanismos de segurança, mas é fundamental, por exemplo, que o body scan seja operado por uma mulher quando for uma advogada, e que o parlatório seja um lugar que se respeite efetivamente a prerrogativa do advogado de prestar atendimento aos seus clientes de forma reservada, com sigilo e segurança”, concluiu.