Nos três primeiros dias de feira, já são mais de 100 mil visitantes. Entre os destaques deste domingo, estão a presença dos mestres de cultura tradicional, roda de conversas com mulheres escritoras, lançamento de livros e apresentações musicais
A chuva deu um pouco de trégua neste fim de semana, mas nem por isso turistas e fortalezenses se contentaram em ir à praia: o passeio dominical foi na festa da literatura! O público compareceu em número recorde no Centro de Eventos do Ceará para visitar a XV Bienal Internacional do Livro do Ceará, que segue até o próximo domingo, 13, com programação gratuita de 9h às 22h. Nos três primeiros dias desta edição, a feira já recebeu mais de 100 mil visitantes.
“A gente fez a festa de aniversário das crianças aqui. Eles já assistiram à apresentação de teatro, contação de história… Estão adorando”, comemorou Joice Scavone, cineasta que planejou o aniversário de 10 anos das filhas gêmeas para este domingo. Ela garante que as aniversariantes e os convidados são amantes da literatura e que comparam todos os presentes em livros. “Elas já estão planejando mandar uma carta para a Bienal sugerindo autores para edição que vem”, orgulha-se a mãe.
Visitante fiel das bienais, o professor Gleydison Lessa diz que o domingo é o melhor dia para o lazer com a família. Aproveitando a folga na rotina de trabalho, ele trouxe o filho de seis meses para conhecer o evento. Embora o filho ainda não saiba ler, explica, folhear livros infantis e assistir contações de histórias é uma maneira de já iniciá-lo no universo da leitura.
Outro que também aproveitou o domingo para estar com a família, foi o gestor público e contador Sergio Granja. Ele levou o filho de seis anos, que não deu sossego, correndo e brincando pelos corredores da feira. “É uma programação perfeita para a família. A programação é tão grande que a gente está se organizando por dia”, diz Sergio, garantindo que voltará ao longo da semana.
Neste ano, a Bienal conta com 188 estandes destinados à exposição e venda de livros, com representações internacionais e institucionais. Ao todo, 34 editoras participarão diretamente, enquanto 400 editoras estarão representadas por 25 livrarias e 32 distribuidores de livros. O evento disponibilizará mais de 100 mil títulos, somando mais de 200 toneladas de livros ao público visitante.
O público poderá participar de palestras, mesas-redondas, conferências, oficinas, contações de histórias, lançamentos de livros e outros eventos literários, além de prestigiar apresentações de artistas com reconhecimento no Ceará, no Brasil e no mundo.
Destaques
Os conhecimentos ancestrais e as artes da tradição popular foram tema de duas rodas de conversa neste domingo. Pela manhã, das 9h às 12h, o encontro foi com Cacique João Venâncio, dos Tremembé de Almofala, a Cacique Pequena, dos Jenipapo-Kanindé, em Aquiraz, e o mestre Zé Mateiro. Eles participaram da roda “Conversas Ancestrais: Narrativas Orais e o Sagrado”, com mediação de Joyce Custódio.
À tarde, das 14h às 17h, foi a vez das mestras cordelistas Bia Lopes e Auritha Tabajara encontrarem a dramista Terezinha Lima, de Beberibe. Elas participaram da roda “Conversas Ancestrais: Artes da Tradição Oral”, aproximando os recitais de cordel e de cantadores aos dramas musicados da mestra Terezinha. Os mestres e mestras da cultura participam de diversas atividades ao longo desta edição da Bienal do Livro, como rodas de conversas, palestras e apresentações culturais.
Também no período da tarde, às 14h, a farmacêutica e ativista pelos direitos das mulheres, Maria da Penha, emocionou o público com a sua história de vida – e de luta – ressaltando a importância do livro e da escrita na afirmação dos direitos das mulheres. Ela é autora do livro “Sobrevivi…Posso Contar” (Armazém da Cultura), lançado em 1994. A obra, recorda Maria da Penha, foi determinante na sua trajetória de luta por justiça.
O impacto da escrita na transformação de vidas femininas foi tema ainda da roda “Escrever para Existir: O lugar das mulheres na literatura”, com participação das jovens escritoras Kaye Djamiliá, Sabrina Morais, Taciana Santos, Beatriz Caldas e Bruna Sonast.
Na programação dedicada à primeira infância, mamães e crianças tiveram um momento de fantasia e brincadeira com o espetáculo Jam Session Para Bebês, do ator e produtor de teatro Well Fonseca, do grupo Zepelim Arte Para Infância e música de Ayrton Bob. A programação infantil da Bienal inclui atividades em cinco salas do 1º Mezanino do Centro de Eventos, com atividade ao longo de todo o dia.
Entre os lançamentos de livros, o destaque foi para “Democracia e o exercício dos direitos culturais no estado do Ceará – O Ceará em estado de conferência”, resultado da 4ª Conferência Estadual de Cultura do Ceará (CEC). “É uma celebração do que foi a construção da 4ª Conferência Estadual de Cultura. Um marco na história do nosso estado”, destacou Ticiana Studart, secretária executiva da Cultura de Fortaleza. Além dela, estiveram presentes no lançamento a secretária da Cultura do Estado, Luisa Cela; a organizadora do livro, Diana Gomes; os convidados Selma Santiago e Fábio Santiago; e Raimundo Moreira, vice-presidente do Conselho Estadual de Política Cultural. A conversa teve mediação de Leandro Maciel, da Coordenadoria de Políticas para as Artes (COARTE).
No fim do dia, a cantoria e a música popular tomaram conta da Praça Cordel. Entre vendas de folhetos, xilogravuras e recitais, o público vibrou com os ‘causos’ cantados pelos repentistas Zé Vicente e Zilmar do Horizonte. Às 20h, a cantora e compositora Lídia Maria encerrou a programação musical, dançando forró ao som de zabumba, triangulo e sanfona.
Segunda-feira (07) na Bienal!
Começa nesta segunda-feira a programação da Bienal Ceará Adentro! O encontro literário estende suas atividades para além dos salões do Centro de Eventos, promovendo atividades em outros espaços culturais de Fortaleza, Amontada, Aquiraz, Fortim, Paracuru, Quixadá e Caucaia.
A programação da Bienal Ceará Adentro também é gratuita e aberta ao público. Dentre as atividades deste primeiro dia, estão o encontro com o escritor Afonso Cruz, às 9h, na Praça do Pontal, em Fortim; a roda de conversa histórias de resistência LGBTQIA+, às 9h30, com Renan Quinalha e Amara Moira, na UP Irmã Imêlda Lima Pontes, em Aquiraz; e dois encontros com artistas e escritores de Paracuru, às 14h30, no Centro Cultural Lúcio Damasceno, e às 16, na Praia do Ronco do Mar.
De volta ao Centro de Eventos, o Museu do Ceará abre seu acervo para o público da Bienal com o encontro “Entre Impressos E Cartas: Artes Da Escrita Por Meio Do Acervo Do Museu Do Ceará”. Das 9h às 10h, na Sala Francisca Clotilde (2º Mezanino – OESTE SALAS 05 e 06), Weber Porfírio e Paula Virgínia Batista apresentam o resultado de pesquisas no acervo do museu. Os historiadores falam sobre o Diário do Governo do Ceará, considerado o primeiro jornal impresso do Estado; e sobre as correspondências femininas do arquivo do historiador Capistrano de Abreu.
O público juvenil participa ainda de uma atividade inusitada: o Sarau Bota o Teu! A atividade, ministrada pelo Coletivo Bota o Teu, convida 20 participantes a “batalhar”, aprendendo e jogando Pokémon TCG, um jogo de cartas inspirado no desenho animado. A oficina será realizada em duas sessões, às 10h e às 14h, no Foyer Juventude.
A Bienal Internacional do Livro do Ceará é uma realização do Ministério da Cultura (MinC) e do Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM), via Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. O evento conta com o patrocínio do Banco do Nordeste, Rede Itaú, Cagece e Cegás.
Serviço:
Bienal Internacional do Livro do Ceará
Quando: 4 a 13 de abril, das 9h às 22h
Onde: Centro de Eventos do Ceará – Avenida Washington Soares
Gratuito e aberto ao público
Programação no site: https://bienaldolivro.cultura.ce.gov.br
