Cresce participação feminina em cargos de liderança
De acordo com o IBGE, em 1970, só 20% de todas as pessoas que trabalhavam eram mulheres no Brasil. Em 2020 (data do último Censo), esse número mais que dobrou, passando para 42% de mulheres e 58% de homens. Apesar de ainda estarem em menor número, a presença feminina tem ganhado cada vez mais protagonismo no mercado de trabalho, inclusive encabeçando equipes de grandes empresas.
De acordo com o Ministério da Economia, as mulheres já detêm 42,4% das funções de gerência, 13,9% de diretoria e 27,3% de superintendência. Além disso, as mulheres atualmente são maioria em profissões como medicina e odontologia, por exemplo, representando cerca de 70% do total, segundo a pesquisa.
Para a consultora em negócios e sócia na Ática Gestão Empresarial, Lídia Guimarães, o mercado está se abrindo para a participação feminina não só em pequenas empresas, mas em altos cargos em companhias e multinacionais. A gestão feminina traz a possibilidade de trabalho mais voltado para o desenvolvimento das pessoas, melhorando a entrega de resultados e performance das equipes de trabalho. As lideranças femininas têm procurado se destacar pela qualidade de seu conhecimento e entrega focando na transformação da instituição, além de possuírem mais resiliência diante dos desafios e obstáculos existentes no mundo dos negócios. Com personalidade forte, elas têm como principais características: foco no autoconhecimento; percepção das habilidades de seus liderados; identificação de desperdícios, facilidade na realização de feedbacks constantes; senso de justiça. “Muito mais do que posicionamento de um gênero, a liderança feminina possui competência, experiência e vontade genuína de se tornar líder, fazendo a diferença na vida das pessoas e dos negócios”, finaliza.
Elas sabem liderar
Já na Kasane, agência de comunicação, que nasceu em Goiânia 15 anos atrás, o time é composto por 85% de mulheres. Também fundada e liderada por duas profissionais, a empresa começou bem pequena, só com o trabalho das donas, Renata Vieira e Ana Paula Ramos. Mas cresceu e hoje dá oportunidade para quase 20 mulheres. “Nós apostamos firmemente na capacidade das mulheres em todos os cargos aqui na agência. Acreditamos que as colaboradoras têm muita habilidade em traçar estratégias, bem como para resolver as questões do dia a dia com rapidez, são dedicadas e comprometidas ao extremo”, explica Renata.
No Fujioka, quem lidera a equipe de marketing de todo o grupo, que hoje conta com 1800 colaboradores, também é uma mulher. Roberta Tibery, de 44 anos, gerencia uma equipe de 30 pessoas em duas áreas, o marketing e a própria agência de publicidade do Fujioka. Além da distribuição que acontece de norte a sul do país, o grupo conta com 50 lojas de varejo distribuídas por todo o estado de Goiás e Distrito Federal. Também possui dois e-commerce, um voltado para o varejo e um voltado para empresários e lojistas que podem comprar mais barato, o que torna a empresa mais completa e a coloca entre as 100 maiores empresas do Brasil. “Eu acredito que a liderança feminina em um cargo como esse que envolve dinamismo, criatividade, visão do todo sem perder os detalhes, faz sim diferença, tenho que estar sempre atenta as mais diferentes necessidades”, comenta Roberta Tibery.
Desigualdade de gêneros
As mulheres ainda ganham cerca de 20% menos do que os homens no Brasil, mesmo se comparado trabalhadores do mesmo perfil de escolaridade e idade e na mesma categoria de ocupação. Mas a diferença salarial entre gêneros diminuiu quase 5% (4,92%) no período de oito anos. Em 2012, as trabalhadoras ganhavam 73,18% do salário dos homens. Já em 2020, a porcentagem subiu cerca de 80% (78,18%). Esses números foram levantados com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) entre 2012 e 2020.
Lídia Guimarães explica que esse cenário está mudando, mesmo que os passos sejam lentos. Discutir sobre mulheres e liderança na mesma frase forma uma combinação natural nos tempos atuais, porém essa nem sempre foi a realidade, pois era raro vermos mulheres em posição de gestão. Por muito tempo, as mulheres foram impedidas de trabalhar, principalmente se tratando das altas classes sociais. O trabalho para o grupo era associado a autorização dos maridos, sempre em cargos operacionais. É importante entendermos, que atualmente, os cenários de gestão são altamente competitivos, e as capacidades femininas devem ser destacadas não porque temos, como mulheres, que demonstrar nossas grandes habilidades, e sim mostrar ao mundo que fazemos diferença em todos os ambientes que estamos. “Muitas mulheres se dedicam em seu desenvolvimento pessoal e profissional, entendendo seus verdadeiros propósitos de vida e agregando isso ao dia a dia de trabalho. É importante que façamos uma autorreflexão de nossas reais habilidades, sejam mulheres ou homens, para direcionar pessoas e negócios. A tarefa não é fácil, é complexa e profundamente desafiadora, mas é extremamente importante não desejarmos o poder pelo poder, e sim o poder para transformar vidas e empresas”