Protagonismo feminino nas profissões – Mulheres são maioria na arquitetura cearense

Pesquisa realizada pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU-BR) mostra que, dos mais de 212 mil arquitetos e urbanistas registrados no país, mais de 60% são do sexo feminino. No Ceará não é diferente, elas são maioria e representam 64,7% dos profissionais da categoria ativos. Para o presidente do CAU-CE Lucas Rozzoline, um número significativo e que tem a tendência de aumentar ainda mais nos próximos anos. 

“Nas universidades elas também são maioria. Elas representam cerca de 67% do total de alunos o que é motivo de orgulho para nós que estamos vivenciando o protagonismo feminino que por muito e muito tempo foi dificultado pelo sistema patriarcal que era latente e que, culturalmente, acabou perdurando e refletindo em vários campos da sociedade, incluindo a arquitetura e o urbanismo”, afirma Lucas. 

A arquiteta e urbanista, conselheira do CAU-CE, Denise Sá, destaca a importância e a diferença que as mulheres arquitetas fazem à sociedade. “As cidades, seus espaços e edifícios, historicamente, vêm sendo propostos segundo a ótica e as necessidades masculinas, que não percebem as necessidades e as vulnerabilidades femininas. Sob esta ótica, um planejamento visando atender a inclusão, segurança, resiliência e sustentabilidade torna a cidade segura para todos, sejam homens, mulheres, crianças ou idosos”, conta Denise. 

Dificuldades

Apesar do grande número de mulheres arquitetas, é necessário destacar que elas nem sempre encontram as mesmas condições de acesso, exercício, permanência e ascensão no campo da arquitetura, por isso ainda são timidamente encontradas e reconhecidas. De acordo com o levantamento do CAU-BR, as arquitetas ainda são minorias nos canteiros de obras e como liderança de equipes em projetos maiores relacionados a concursos nacionais e internacionais. A pesquisa aponta que nas premiações, apenas 17% dos prêmios nacionais de projeto foram concedidos a equipes lideradas por mulheres, assim como apenas 17% dos membros do conselho diretor federal são mulheres e 24% no conselho estadual.

“Isso ocorre porque a mulher começou a integrar o mercado de trabalho apenas há poucas décadas e desde então ela vem buscando conquistar o seu espaço. Em Fortaleza, por exemplo, o curso de arquitetura iniciou apenas em 1964, com mulheres na primeira turma. Destas, algumas passaram a integrar o corpo técnico de escritórios já existentes e de órgãos públicos. A verdade é que a mulher sempre esteve presente nos projetos de arquitetura, mas sua presença sempre foi eclipsada por um membro masculino da equipe que obteve maior destaque”.

Dificuldades

Segundo o 1º Diagnóstico de Gênero na Arquitetura e Urbanismo realizado pelo CAU-BR, de julho de 2019 a fevereiro de 2020, as principais dificuldades encontradas pelas mulheres arquitetas e urbanistas são: A discriminação de gênero, associados ao assédio moral e sexual;  grande discrepância salarial entre o homem branco e a mulher negra, tendo o primeiro um ganho 13 vezes maior; além da dificuldade de conciliar a maternidade com a profissão. “Ainda cabe à maioria das mulheres quando são mães o cuidado com os filhos pequenos. Esse quesito acaba por dificultar o ingresso ou o retorno delas ao mercado de trabalho. Muitas até resolvem se dedicar à família e não atuar mais profissionalmente”, afirma a conselheira Denise Sá.

Grupo de trabalho

Sobre esses e outros questionamentos sobre a mulher arquiteta e urbanista que foi formado o Grupo de Trabalho sobre Representatividade da Mulher Arquiteta e Urbanista do Estado do Ceará do CAU/CE. “Uma iniciativa que busca conhecer melhor a mulher arquiteta e urbanista e abrir um espaço de debate sobre como podemos reconhecer e ampliar a participação delas na profissão. Estamos engajados em promover a equidade de gênero em todas as suas instâncias organizacionais pois sabemos e reconhecemos a importância delas para a arquitetura do país”.

Compartilhe nas redes sociais!