Brasil deve se manter como grande exportador de commodities em 2024, projeta FECAP

A produção e a exportação de commodities devem seguir aumentando no próximo ano. Nesse cenário, o Brasil seguirá como um grande exportador de commodities em 2024, segundo a coordenadora do curso de pós-graduação em Negócios Internacionais e Comércio Exterior da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Sabrina Della Santa Navarrete.

A demanda mundial por alimentos deve continuar crescendo uma vez que  as projeções populacionais apontam que a população mundial deve atingir 10 bilhões de pessoas em 2050. Logo, além das commodities, a indústria de alimentos do Brasil pode exportar uma grande variedade de produtos processados e produtos de valor agregado, aproveitando a reputação que o País possui como grande produtor agrícola.

“A preocupação crescente do Brasil com a sustentabilidade ambiental e a responsabilidade social também demonstra aos stakeholders, cada vez mais preocupados com questões ambientais e sociais, que o Brasil tem adotado práticas agrícolas mais sustentáveis e que as empresas brasileiras têm incluído a agenda ESG em suas estratégias de negócio buscando mitigar riscos e criar valor no longo prazo”, afirma Sabrina.

Devido a suas diversas vantagens competitivas – clima favorável, diversidade geográfica, capacidade de produção em larga e grande extensão das terras cultiváveis – o Brasil tem sido, historicamente, um grande exportador de commodities, o que o coloca em uma posição favorável no mercado internacional.

Um ponto importante destacado pela especialista é que o Brasil tem grande potencial de liderar o mercado de carbono mundial, uma vez que possui ampla cobertura de recursos naturais, e uma das maiores áreas de florestas tropicais do mundo, a Amazônia.

“Além disso, o país tem grande potencial em energias renováveis, tendo assinado acordos internacionais significativos quanto a essa agenda, como o Acordo de Paris, tendo se comprometido a ampliar a redução de emissões em 50% até 2030 e alcançar emissões líquidas neutras até 2050. Esse compromisso com a sustentabilidade, somado à adoção da agenda ESG, pode colocar o Brasil na dianteira do mercado verde, e assim, mostrar para seus parceiros comerciais e para os investidores que estamos alinhados com a Agenda 2030, fortalecendo o desenvolvimento comercial do Brasil no mercado externo, ao mesmo tempo que fomenta parcerias e reforça as relações internacionais”, acrescenta.

Na esteira da tecnologia e inovação, o setor de infraestrutura e construção pode ser impulsionado por parcerias público-privadas, bem como a indústria automotiva e aeronáutica, e a demanda por mobilidade pode apresentar crescimento principalmente no que se refere aos veículos elétricos.

“Setores ligados à tecnologia e inovação e a demanda global por soluções que empreguem inteligência artificial e tecnologias limpas devem seguir aumentando, do mesmo modo, a demanda por sustentabilidade e energias renováveis, como solar e eólica, capazes de reduzir o uso de combustíveis fósseis”, acrescenta a professora universitária.

O Brasil o cenário de exportações
Segundo a docente, o Brasil desempenha um papel significativo no comércio internacional. Como uma das maiores economias do mundo, o país tem uma presença relevante em várias áreas comerciais, atuando principalmente na exportação de commodities como soja, minério de ferro, açúcar, carne bovina e café – além de buscar a diversificação da pauta exportadora, expandindo para setores como a indústria automobilística, aeronáutica, produtos químicos e tecnologia.

Entre as parcerias comerciais, o destaque vai para China como principal parceiro comercial do Brasil, seguido dos Estados Unidos, Argentina, Holanda e México. Além disso, o país possui acordos comerciais com várias nações e blocos econômicos, como o Mercosul, o que amplia as oportunidades comerciais, aumenta a competitividade e acesso aos mercados internacionais, atrai investimentos estrangeiros, fortalece a economia e as relações diplomáticas, consolidando a posição brasileira frente aos parceiros comerciais mundiais, e contribuindo para o desenvolvimento econômico do país.

Entre os 10 produtos mais exportados pelo Brasil em 2023, segundo as estatísticas do ComexStat, estão:

Descrição NCM 2023 
Soja, mesmo triturada, exceto para semeadura $51.233.503.003
Óleos brutos de petróleo $38.844.739.059
Minérios de ferro e seus concentrados, exceto as piritas de ferro ustuladas (cinzas de piritas), não aglomerados $24.112.615.248
Milho em grão, exceto para semeadura $12.124.887.247
Outros açúcares de cana $11.528.128.887
Bagaços e outros resíduos sólidos, da extração do óleo de soja $7.827.536.889
Carnes desossadas de bovino, congeladas $7.641.257.640
Óleos combustíveis de petróleo $7.158.916.896
Café não torrado, não descafeinado, em grão $6.538.053.689
Pastas químicas de madeira, à soda ou ao sulfato, exceto pastas para dissolução, semibranqueadas ou branqueadas, de não coníferas $6.368.944.764

QUERO EXPORTAR, E AGORA?

Segundo a professora da FEAP, a primeira dica para o empresário que quer exportar é se capacitar. O governo brasileiro oferece programas de capacitação a exportação excelentes, como o PEIEX e o Exporta SP.

O PEIEX é o Programa de Qualificação para Exportação oferecido pela ApexBrasil, que prepara as empresas para que possam iniciar o processo de exportação de seus produtos e serviços de forma planejada.

O mesmo ocorre com o Programa Paulista de Capacitação para Exportações, chamado Exporta SP, da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade, a InvestT SP. No programa, além das aulas com especialistas em comércio internacional, os empresários de micro, pequenas e médias empresas ainda têm a possibilidade de participar de mentorias individuais para criar o plano de exportação. O Sebrae também possui diversas iniciativas gratuitas para ajudar a fomentar a exportação.

“Para as empresas que já exportam e querem expandir sua presença no mercado externo, a dica é entrar em contato com a Associação Comercial que representa o setor e verificar a agenda de projetos setoriais da Apex-Brasil. Os projetos setoriais visam a promoção da indústria brasileira no mercado internacional por meio de serviços de promoção comercial, como por exemplo, o fomento à participação em feiras internacionais, rodadas de negócio e missões de promoção comercial”, finaliza Sabrina.

Fonte: Comex do Brasil

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